Por uma sociedade de acessibilidade plena

22/09/2014 15:04

image1Foi escolhido o dia 21 de setembro, dia em que iniciamos a primavera para comemorar o dia de luta das Pessoas Portadoras de Deficiência. No 1º Encontro de Delegados da Coalizão Nacional de Entidades e Pessoas com Deficiência, que aconteceu em Vitória (ES) nos dias de 12 a 14 de julho de 1982, foi definida esta data pela sua proximidade com a primavera, que da um sentido de pleno renascimento as esperanças e sonhos de uma inclusão social generosa e completa.

Já muitas reivindicações foram conquistadas e a agenda dos direitos destas pessoas foi paulatinamente assimilada pela sociedade civil e o poder público, no entanto ficam ainda débitos e desafios.

As comunidades eclesiais têm adotado nos templos rampas de aceso e formado catequistas e educadores para a iniciação cristã, e as celebrações em vários lugares oferecem tradutores com linguagem de libras. Mas quase sempre são cuidados realizados por dirigentes ou agentes qualificados o que não significa o empoderamento como sujeitos destes irmãos e a sua plena participação como protagonistas dos processos de inclusão e integração.

A pedagogia da inclusão e a defesa da valorização humanitária, cultural e espiritual deste imenso setor da população distam muito ainda de ser uma realidade. A acessibilidade é mais que um direito, é um olhar e uma atitude de profunda igualdade, compreensão e empatia ao mesmo tempo. É ajudar a construir uma sociedade de aprendizado de convivências e práticas cada vez mais dialógicas e afetivas, de uma inteligência espiritual e emocional que respeite em cada pessoa a sua inteireza e as suas diferenças, resgatando a imagem divina que todos levamos na nossa alma como filhos do Pai das misericórdias.

Torna-se necessário resistir à mentalidade elitista e eugenésica e racista, que apregoa que só os que alcançam uma saúde perfeita ou uma beleza corporal sem nenhum defeito têm direito a existir, ou devem nos governar. Nestas eleições de 2014 pensemos ao votar que tipo de sociedade almejamos e queremos, e que modelo de desenvolvimento é capaz de fazê-la avançar. Lutemos por um Brasil que acolha a todos/as nas suas diferenças, ritmos, maneiras de pensar, sentir e viver, gerando a cultura do encontro e da solidariedade.

Deus seja louvado!

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo de Campos (RJ)