Papa alerta sobre perigo do “turismo existencial”

31/03/2014 08:36

Francisco destacou que, quem tem fé, caminha rumo às promessas de Deus, se não é um “turista existencial”

Papa alerta sobre perigo do “turismo existencial”Não vagar pela vida, mas seguir corretamente a meta que para um cristão quer dizer as promessas de Deus, que nunca decepcionam. Este foi o ensinamento que o Papa Francisco deixou a partir das leituras do dia em Missa nesta segunda-feira, 31, na Casa Santa Marta.

Francisco citou três tipos de crentes: os que confiam nas promessas de Deus e as seguem, os que têm uma fé estagnada e os que estão convencidos de progredir mas, em vez disso, fazem apenas “turismo existencial”. Trata-se de pessoas que sabem que a vida cristã é um itinerário, mas que há diversos modos de percorrê-lo ou então não percorrê-lo de fato.

Referindo-se ao trecho do livro do profeta Isaías na primeira Leitura, o Papa lembrou que, antes de pedir qualquer coisa, Deus promete e sua promessa é aquela de uma vida nova, de uma vida alegre. Aqui está, segundo ele, o fundamento principal da virtude da esperança: confiar nas promessas de Deus sabendo que Ele nunca decepciona.  Mas há cristãos que sofrem a “tentação de parar”.

“Tantos cristãos parados! Temos tantos que têm uma esperança frágil. Sim, acreditam que haverá o Céu e tudo ficará bem. Tudo bem que acreditam nisso, mas não buscam isso! Cumprem os mandamentos, os preceitos, tudo tudo…Mas estão parados. O Senhor não pode fazer deles fermento no seu povo, porque não caminham. E este é um problema: os parados. Depois, há outros entre eles e nós que erram o caminho: todos nós, algumas vezes, erramos o caminho. O problema não é errar o caminho, o problema é não voltar quando alguém percebe que errou”, disse.

O modelo de quem acredita e segue aquilo que a fé lhe indica é o funcionário do rei descrito no Evangelho. O homem pediu a Jesus a cura do filho doente e não duvidou um instante de colocar-se a caminho de casa quando o Mestre lhe assegurou ter obtido a cura. No extremo oposto, afirmou o Papa, está talvez o grupo mais perigoso, no qual estão aqueles que enganam a si mesmos: aqueles que caminham mas não fazem caminho.

“São cristãos errantes: vagam, vagam como se a vida fosse um turismo existencial, sem meta, sem levar as promessas a sério. Aqueles que vagam e se enganam, porque dizem: ‘Eu caminho!’. Não, você não caminha, você vaga. Em vez disso, o Senhor pede para nós não pararmos, para não errar o caminho e não vagar pela vida. Pede-nos para olhar para as promessas seguir adiante com elas, como aquele homem que acreditou na palavra de Jesus! A fé nos coloca em caminho rumo às promessas. A fé nas promessas de Deus”.

O Santo Padre reconheceu que os homens, em sua condição de pecadores, podem errar o caminho, mas Deus sempre dá a graça de voltar. Ele destacou que a Quaresma é um bom tempo para cada um pensar se está realmente em caminho ou se está parado.

“Se errar o caminho, vai confessar-se e retomar o caminho. Ou se  é um turista teológico, um destes que vagam pela vida mas nunca dão um passo adiante. E peço ao Senhor a graça de retomar o caminho, de nos colocar em caminho, mas rumo às promessas”.

Fonte: Canção Nova