Aprovação do casamento gay na Irlanda foi "derrota para humanidade", diz assessor do papa

27/05/2015 13:56

"Fiquei muito triste com o resultado", disse Pietro Parolin, principal auxiliar executivo do papa Francisco. O sumo pontífice, até o momento, não se manifestou sobre o assunto

 

O italiano Pietro Parolin, escolhido pelo papa Francisco para assumir a secretaria de Estado do VaticanoO referendo na Irlanda para autorizar uniões civis entre pessoas do mesmo sexo foi uma "derrota para a humanidade", disse uma autoridade do Vaticano, na primeira reação de alto nível da Santa Sé sobre a votação da semana passada. "Não foi uma derrota para os princípios cristãos, foi uma derrota para a humanidade", disse o secretário do Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, em comentários à Rádio Vaticano na terça-feira. "Fiquei muito triste com o resultado", ressaltou. O papa Francisco, até o momento, não se pronunciou sobre a aprovação do casamento gay na Irlanda, país com mais de 80% de católicos.

Parolin, principal assessor executivo do papa Francisco, acrescentou que o resultado do referendo mostrou que a Igreja Católica precisa melhorar suas formas de passar a mensagem cristã. "A Igreja precisa levar em consideração esta realidade, mas no sentido de reforçar seu compromisso na evangelização", disse. O comentário do cardeal nascido na Itália, funcionário de alto escalão veterano do Vaticano, ressalta o choque provocado pelo referendo que autorizou homossexuais a se casarem na Irlanda, país tradicionalmente católico.

O papa Francisco tem adotado um tom mais simpático em relação aos homossexuais do que muitos católicos conservadores. O pontífice afirmou após assumir a Igreja "Se uma pessoa é gay e busca a Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?". Mas o pontífice argentino não mostrou sinais de diminuir a desaprovação sobre casamento homossexual ou mudar a doutrina da Igreja, segundo a qual os atos homossexuais são pecado.

A Irlanda aprovou por grande maioria a legalização do chamado casamento gay em um referendo realizado sexta-feira passada, e assim se tornou o primeiro país a aprovar a união civil entre homossexuais pelo voto popular. O Vaticano realiza em outubro o Sínodo sobre a Família e espera-se que questões controversas possam ser abordadas dentro da Igreja Católica. Os mais otimistas esperam que o papa Francisco apresente uma postura mais aberta sobre os relacionamentos homossexuais.

Caio Blinder: O casamento gay na Irlanda e o atraso republicano

 

Fonte: Revista Veja