Acolher e Testemunhar a Luz das Nações
A Festa da Apresentação do Senhor no Templo está profundamente ligada aos mistérios celebrados no Natal e na Epifania. Trata-se de uma exigência da encarnação, a inserção de Jesus, na sua cultura, povo e religião. O cenário constituía o coração e o centro da religião judaica e uma das razões de orgulho de Jerusalém.
Percebemos no texto evangélico em primeiro lugar a submissão a lei de Maria e José, não quiseram privilégios nem destaques, mas seguiram a tradição do seu povo, que instava a oferecer o seu filho primogênito a Deus e resgatá-lo com o sacrifício de pombos, oferta singela dos pobres. No Templo, Cristo é reconhecido por dois anciãos, representantes da Aliança, Simeão e a profetiza Ana.
Ambos identificaram no Menino, o prometido e desejado, a luz que brilharia para todas as Nações, anunciando também que seria pedra de contradição para muitos e que uma espada de dor atravessaria o imaculado coração de sua santa Mãe. Este evento de plena manifestação do Salvador, nos impele a anunciá-lo com alegria e determinação, sabendo de antemão que Jesus é um divisor de águas, que sua presença é fator de crise e decisão, nunca será uma mensagem tranquila e inócua, mas um chamado a tomar posição pelo Reino. Seguir a Jesus tem um preço e um risco a ser pago, a espada de dor da Cruz atravessará também nossa vida, mas também sabemos que sua Luz é a única que consegue nos levar a plena realização do que somos e queremos ser, pessoas inteiras renovadas e transformadas pela Páscoa de Jesus.
Viver este mistério nos torna portadores da missão da Igreja, de assinalar e testemunhar publicamente que Jesus é aquele que esperamos, a plenitude de todas as aspirações e desejos humanos, o sonho de um amor maior e infinito, de uma nova humanidade justa e reconciliada. Neste ano dedicado a vida consagrada, intercedamos para que este estado de seguimento a Jesus na caridade perfeita, seja uma luz clara e abundante para o mundo, convidando a entrega e doação amorosa, ao serviço fraterno, a libertação dos pobres, revelando e transparecendo sempre o rosto esplendoroso e misericordioso do Senhor, para ajudar a construir entre as Nações a Civilização da paz e da ternura, em comunhão com todas as criaturas. Deus seja louvado!
Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo de Campos (RJ)