“A mesa da Eucaristia não é dos que se acham maiores ou melhores, mas da igualdade. O padre não pode ter o poder do autoritarismo, mas do serviço”
Padre Egídio exalta o gesto de humildade e lição de serviço de Jesus na Santa Ceia durante sua homilia. Comunidade celebra o Lava Pés, a instituição da Eucaristia.
Dando continuidade ao calendário de eventos da Semana Santa 2012, da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, a comunidade reuniu-se novamente, na quinta-feira, dia 07 de abril, às 19:30, na igreja Matriz, para participar da Santa Missa de Lava Pés.
A celebração deu início ao que a Igreja chama de “Tríduo Pascal”, que são os três dias em que os católicos lembram mais fortemente da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Por isso, na quinta-feira ocorre em nossa paróquia a missa de Lava Pés ou da Última Ceia do Senhor, a Adoração ao Santíssimo Sacramento e a Procissão do Silêncio.
Estas três atividades da Quinta-Feira Santa nos fazem participar espiritualmente dos passos de Cristo em direção à cruz e a ressurreição. É como se todos pudessem vivenciar os momentos em que Jesus ceia com seus discípulos, passando pela agonia do Getsemani e é levado para ser Julgado e preso, enquanto aguarda sua sentença de morte.
A missa de Lava Pés iniciou-se com a entrada de 07 velas, cada vela pedia luz para situações ligadas a saúde pública, que é o tema da Campanha da Fraternidade 2012. Logo após houve a procissão de entrada, que trazia, um cordeiro assado, ervas amargas e pães ázimos (sem fermento), que são os alimentos simbólicos presentes na Santa Ceia realizada por Jesus e seus discípulos, às vésperas de sua Paixão e também remetendo a páscoa dos Judeus, descrita na passagem bíblica do Livro do Êxodo (Ex 12, 1-8.11-14).
A celebração também fez memória a dois atos importantes de Jesus antes de entregar-se a morte na cruz, a Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Foi neste dia em que o Salvador, reunido com seus discípulos pronunciou as palavras aos quais até hoje os padres realizam a “transubstanciação” do corpo e sangue de Cristo (o pão em corpo e do vinho em sangue de Cristo), conforme explicou Padre Egídio em sua homilia.
Segundo ele, a palavra “Páscoa” que dizer ”passagem” e recorda a saída do Povo Judeu do Egito, com milagres e prodígios da parte de Deus até a terra prometida. Os Judeus, conforme orientação de Moises e Aarão, deveriam comemorar todos os anos a Páscoa. O padre explicou ainda que Deus dá orientação às famílias judias de como deveria ser feita esta comemoração pascal. Ele esclareceu que segundo determinações do Senhor, o povo deveria sacrificar um cordeiro do sexo masculino e o comerem em família. O sangue do cordeiro, segundo a leitura e a explicação do padre, deveria ser aspergido nas portas das casas para proteção daqueles lares.
O pároco continua a explicação dizendo que no livro de Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo esclarece que com o sacrifício de Cristo na Cruz, o significado da Páscoa mudou para os cristãos. Pois segundo ele, agora não se trata mais do sacrifício de um cordeiro, mas do próprio Jesus, Filho de Deus, que se faz cordeiro, sacrificando-se para nossa salvação.
Padre Egídio destacou que este sacrifício na Santa Ceia, antecipou o martírio que iria sofrer na Cruz. Ele disse que este momento é renovado todas as vezes que os sacerdotes pronunciam as palavras ditas por Jesus naquele momento e reafirmou que na Eucaristia Jesus está presente verdadeiramente na forma de pão e de vinho e que estes apesar de parecerem, não são mais pão e vinho e sim o corpo e o sangue de Cristo, conforme o que está no evangelho de Marcos e Lucas e é relembrado por São Paulo em sua primeira carta aos Coríntios.
“É bom que se diga conforme a leitura da Carta de São Paulo aos Coríntios, que Jesus no momento da Santa Ceia não disse “como se fosse” o meu corpo e o meu sangue. Ele diz “isto é o meu corpo e o meu sangue”. Isto significa que ele está presente na eucaristia de verdade e sem dúvida nenhuma. Significa que ele se doa em toda celebração feita até hoje, como no momento da crucificação”, explicou Padre Egídio.
Padre Egídio também explicou que na leitura do evangelho da Sexta-Feira Santa, o evangelista João foi o único que não relatou a instituição da Eucaristia. Ele explicou que João entende que Marcos e Lucas já haviam relatado muito bem este momento não havendo mais necessidade que ele o relatasse também.
Para ele o evangelista João preferiu exaltar outro acontecimento grandioso de Jesus durante o momento da Santa Ceia, que foi o Lava Pés. Segundo o padre, trata-se de um acontecimento que deixou todos atônitos, pois lavar os pés para os judeus era uma tarefa delegada nem mesmo aos servos, mas aos escravos. Portanto, o Cristo colocou-se na posição de escravo.
Ele explicou que no momento em que Jesus vai lavar os pés de Pedro é onde entendemos o ato feito por Jesus naquele momento.
“Pedro não permite que Jesus lave seus pés. Aí Jesus diz: se eu não lavar os teus pés não terás parte comigo. Então Pedro pede que Jesus lave não somente os seus pés, mas o corpo inteiro. Jesus explica então que não se trata de lavar os pés por uma questão higiênica. Não se trata de lavar os pés somente por lavar. Jesus se abaixou para fazer o trabalho de escravo para mostrar que ninguém é maior que ninguém perante a Deus. Jesus demonstra que é necessário ter igualdade e quem se sente maior ou melhor do que os outros torna-se um tirano”, disse Padre Egídio no momento da homilia.
Ele acrescentou ainda, que a Igreja Católica continua a realizar este gesto na missa da Quinta-feira Santa para mostrar que a mesa da eucaristia é a mesa da misericórdia, da igualdade e do amor e que o padre não pode ter o poder do autoritarismo, mas o poder que vem do serviço ao próximo.
Lembrou das milhares de pessoas que sofrem sem serviços de saúde adequados. Falou que a Igreja Católica brasileira, juntamente com a comunidade das várias dioceses mandam uma mensagem forte de indignação aos políticos e governantes brasileiros, quanto à situação da Saúde no Brasil, através da Campanha da Fraternidade 2012.
Ele falou aos doze profissionais de saúde da nossa paróquia, que naquela celebração teriam seus pés lavados, no momento do Lava Pés. Afirmou para eles que exercer a medicina a enfermagem e outras atividades ligadas à saúde não é apenas um trabalho qualquer, mas uma missão dada por Deus de cuidar da vida.
Depois da homilia, o Padre Egídio seguiu com a solenidade do Lava Pés. Abaixando-se como no evangelho, lavando os pés dos 12 profissionais de saúde, enxugando e beijando cada um. Depois cada um lavou os pés uns dos outros,como o padre fez.
Depois o padre distribuiu os pães ázimos e o vinho com os 12 profissionais de saúde. A comunidade recebeu também os pães depois. Logo após, houve a investidura dos ministros da sagrada eucaristia, com juramento e envio por parte do Padre Egídio e do Diácono Admilson.
A ministra da Sagrada Eucaristia e membro da comunidade Casa de Sião Herleide Herculano falou de seu sentimento em receber novamente a investidura e a missão de levar Jesus Eucarístico as pessoas mais necessitadas dele como também do significado da missa de Lava Pés para ela.
“Todos nós ministros ficamos muito felizes em receber esta missão novamente. A missa de Lava Pés para mim é o momento de vivenciar a instituição da eucaristia feita por Jesus. É também para mim a maior prova de amor Dele para com a humanidade. Pois foi a partir daí que ele se perpetuou conosco até hoje através da comunhão”, afirmou Herleide Herculano.
Após a investidura dos ministros da eucaristia houve a comunhão, que foi feita na ocasião em duas espécies, com a distribuição das hóstias consagradas e do vinho consagrado.
Logo após a investidura, como de costume na Semana Santa, a mesa e o altar foram desnudados. Foi retirada a toalha, as flores e as velas. As imagens foram viradas de costas. Então, iniciou-se a transladação do Santíssimo Sacramento. Neste momento o Diácono Admilson explicou, que a sexta-feira Santa é o único dia do ano em que não há consagração da Eucaristia e que as hóstias utilizadas na Celebração da Paixão Morte e Morte do Senhor, da Sexta-Feira Santa, são usadas as hóstias guardadas na quinta-feira, após a missa de Lava Pés.
Após a explicação do diácono, solenemente entrou na Igreja a imagem do Senhor Morto, que foi colocada no altar e aí começou a Vigília Eucarística da Quinta-Feira Santa.
Os eventos da Semana Santa, da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida continuam nesta Sexta-Feira da Paixão, dia 06 de abril, com a via sacra pelas ruas, a partir das 07:00 e as 16:00 com Celebração da Paixão Morte do Senhor e a Procissão do Senhor Morto.
Por: Arlinson Coêlho – Com. Casa de Sião